Ray LaMontagne - Monovision ****

Não é seguro que a música salve, mas há discos que aliviam muito os dias cinzentos. Ray LaMontagne levou os dias de confinamento a sério e, completamente sozinho, compôs, produziu e interpretou o seu oitavo disco. E não é que desses dias de chumbo saiu um dos mais luminosos discos deste ano? O psicadelismo dos últimos tempos deu lugar a um regresso às origens, baladas folk sem arestas, melodias de encantar e assobiar por mais. A disposição geral vai a par: canções de amor, amor mesmo, nada de corações partidos... enfim, um ou outro lamento, nada que deixe marcas alma. E depois há o divertimento um pouco virtuoso de este ser um disco de veneração a grandes mestres e influenciadores, como se a canções fossem por vezes quase pastiches. De Van Morrison, em “Misty Morning Rain”, de Neil Young, em “Rocky Montain Healin’”, dos Credence Clearwater Revival, em “Strong Enough”, dos Mamas and Papas (ou será Carpenters?), em “Weeping Willow”. Um disco feliz.