Há uma bipolaridade em Paulo Bragança que faz falta à cena fadista. Talvez nunca, como agora, se tenha cantado tanto e tão bom fado. Mas ninguém canta como Paulo Bragança, pés bem assentes no fado, mas alma sempre a tentar voar para paisagens inesperadas. Nunca deixando verdadeiramente de ser fado, mas sempre tentado explorar os seus limites, o que tanto pode remeter para a busca das origens, como para um qualquer futuro por achar. Desapareceu, literalmente, em 2001, após uns fulgurantes lampejos, sabendo-se agora que andou pela Irlanda e outras partes, meio perdido. Volta, de mansinho, com um EP de sete temas e a promessa de obra maior (“Exílio”) mais à frente. “Peregrino”, fado-canção a meias com Carlos Maria Trindade, poderá ser a primeira canção dessa aventura. Deste EP, ficam memórias de dois grandes (Carlos do Carmo e Carlos Ramos), duas homenagens geracionais (Sitiados e Xutos) e uma aventura celta. Aguardemos, então.