Tozé Brito (de novo) ****

A música pop são canções que em três minutos levam o amor do céu ao inferno, com bilhete de volta. Este disco-homenagem da nova geração de cantores a um dos papas da música ligeira portuguesa assume por inteiro essa efemeridade da pop. A excepção acaba por ser a quase oração de Camané, reinterpretando Carlos do Carmo e o poema de Ary dos Santos para a banda sonora de uma série de televisão dos anos 1980. O resto é pop, com Benjamim e B Fachada a darem o tom, transformando a memória de uma separação numa festa colorida de praia. E há de tudo um pouco neste disco, como deve ser na pop: Tiago Bettencourt a trazer uma canção para o seu estilo, Zambujo a ser traído pela voz doce na tentativa de ser cantor rock, um coletivo que renuncia à invenção e simplesmente decide imitar os originais Gemini. 43 minutos, enfim, que atenuam, mas não resolvem, demasiados anos de distanciamento.