Sheryl Crow - Hits and Rarities ****

Sheryl Crow sofre da maldição das louras. As louras dão-se bem com os tops, mas quase ninguém – enfim, os críticos – as leva a sério. Sheryl Crow é, porém, uma rapariga sem complexos, não a imaginamos ensimesmada com o que dizem os críticos. O ofício dela é fazer canções para divertimento geral, canções bem dispostas, ritmadas, com a profundidade estritamente necessária para que a rima faça sentido. Ela personifica, de certa forma, o lado hedonista dos anos 90, não sendo raro vê-la associada a surfistas, ou mesmo a ciclistas, para grande proveito de Lance Armstrong. A sua música inscreve-se na tradição dos grandes songwriters americanos pós-60, não se podendo esperar dela grandes rasgos de inovação. O negócio são mesmo as canções, as boas e velhas canções. Este disco é o seu segundo Best Of em menos de quatro anos e só se explica pela necessidade de colmatar um longo silêncio, motivado por doença grave, e antecipar Detour, previsto para Fevereiro de 2008, mas do qual já se pode ouvir, no Youtube, por exemplo, “Shine Over Babylon”. Relativamente ao The Very Best, de 2003, mas entretanto reeditado em vários formatos, esta colectânea acrescenta algumas raridades, como o dueto de “Always on Your Side” com Sting, ou “Try Not To Remember”, da banda sonora de Home Of The Brave, ou “Wildflower”, do disco com o mesmo nome, de 2005. Ficamos a perder, pela ausência de “Steve McQueen”, mas a ganhar, pela óbvia recuperação de “Run, Baby, Run”. Ou seja, os fãs têm aqui alguns motivos de júbilo, enquanto que para o comum dos mortais esta é uma boa abordagem a uma das vozes mais sensuais (ah sim…) da pop actual.

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