Lisa Ekdahl

Gershwin só não dá voltas na tumba quando ouve Lisa Ekdahl cantar “But Not For Me” porque Gershwin já ouviu muita coisa e ele próprio inventou umas tantas no seu tempo. Mas a verdade é que aquele corpinho frágil de sueca loira com voz a condizer (a condizer com a fragilidade e não com o cabelo loiro…) é uma das mais improváveis vozes do jazz actual. E compará-la com Norah Jones ou Diana Krall só pode ser obra de surdo ou de… promotor de concertos.
Mas Lisa tem um mercado. Estamos, é preciso não esquecer, no tempo do lounge e outras modernices. Por isso, ouvir uma sueca de voz frágil a cantar Cole Porter e outros standards do jazz é tão comum como o fado na boca de um japonês (juro que há…).
Esclareçamos uma coisa: Lisa é uma estrela na sua terra natal. Estrela, sim, mas a cantar canções pop… em sueco. Foi estrela aos 23. Até que um dia se lembrou de interpretar umas coisas de jazz e bossa nova (lá está, o lounge…) e o mercado internacional, sempre tão generoso, adorou o exotismo da coisa.
Já vai em três discos de jazz, entre originais do marido (Salvadore Poe) e clássicos do género: When Did You Leave Heaven?, Back to Earth e Lisa Ekdahl Sings Salvadore Poe. E isso já lhe valeu três Grammy.
É claro que os puristas abominam – os mais maldosos dizem mesmo que desafina quando canta ao vivo… -, mas ela não se importa. A avaliar pelas vendas dos seus discos por todo o mundo, os espectáculos cá no burgo não devem ficar às moscas.

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