Regina Spektor - Far ****

Amadurecer seria o pior que poderia acontecer a Regina Spektor. E, no entanto, a inevitável lei da vida prossegue a sua marcha. Regina amadurece.
Felizmente, para já, o amadurecimento de Regina é subtil e, de certa forma, até a beneficia. Sim, porque uma Regina madura talvez seja uma Regina menos selvagem, espontânea, surpreendente, interessante. Uma Regina plenamente madura seria, talvez, apenas uma síntese de Tori Amos, Suzanne Vega, Joni Mitchell e mais duas ou três suspeitas. Mesmo assim, convenhamos, não seria nada mau.
Este terceiro disco de grande expansão de Regina Spektor (o começo de carreira é constituído por gravações caseiras) mostra-nos uma artista mais segura, de voz mais aveludada, menos estridente, menos irrequieta do que aquela que surpreendeu meio mundo com Begin to Hope (2006), (Soviet Kitsch, de 2004 teve uma carreira mais discreta) . Há ganhos e perdas, portanto, mas, no fim, tudo se equilibra.
O piano continua omnipresente, por vezes roçando o classicismo, por exemplo em “Machine”, um dos mais perfeitos exemplos do casamento entre esse background que Regina trouxe da Rússia com o rock que absorve na cena de Nova Iorque. “Machine” é, com “Dance Anthem Of The 80’s”, uma das canções que mais faz lembrar a Regina menos madura. O resto do disco tende a ser, digamos, mais arredondado. Tem baladas lindíssimas (“Genius Next Door” ou “Man Of Thousand Faces”) , canções que ficam no ouvido (“Blue Lips”, “Two Birds”), enfim, histórias banais (“Wallet”), das quais se tiram grandes lições sobre o Universo e coisas menores (“Human Of The Year” – uma canção que demonstra que é possível repetir “Aleluia” no refrão sem reinterpretar Cohen).

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