Rodrigo Leão - Songs (2004-2012) ****

O Álvaro, já se sabe, aposta no pastel de nata. O que, sabendo bem, sabe a pouco. Nada, pois, como diversificar. Rodrigo Leão pode ser uma alternativa, ou até uma via paralela. Falamos, claro está, de economia e da necessidade extrema que temos de fazer dinheiro, de preferência lá fora, onde ele existe. Este Songs 2004-2012 é claramente um objecto exportável, tanto mais que Rodrigo Leão não é propriamente um desconhecido em talvez mais países que o pastel de nata. O disco reúne canções cantadas em inglês dos discos Cinema (2004), A Mãe (2009) e A Montanha Mágica (2012), a que se juntam três originais, sendo que um deles, o instrumental “Lost Words”, é a excepção que valida a regra. Em resumo, estamos perante a faceta mais pop de Rodrigo Leão, sendo que, no seu caso, pop não significa necessariamente ligeireza. Apenas uma abordagem mais de acordo com os cânones vigentes, embora nunca dispensando a carga neoclássica e minimalista que é a sua marca de água. As boas companhias - outro argumento de exportação – contribuem fortemente para a fixação da identidade dramática de Rodrigo Leão, seja pela intensidade de Beth Gibbons (“Lonely Carrousel”), ou de Scott Matthew (que assina e canta um dos inéditos, “Incomplete”), ou pelos registos tão característicos de Neil Hannon ou Stuart Staples, ou ainda pelas presenças nacionais de Sónia Tavares e Ana Vieira. A Joan Wasser (Joan As a Police Woman) cabe o outro inédito (“The Long Run”), a canção (valsa) mais ligeira do disco. Nota negativa para o modo como tudo isto é apresentado: em lado algum do disco há nota para as datas de gravação dos temas, em que discos sairam, ou sequer quem canta o quê. Tratando-se de uma antologia (aparentemente, a primeira de uma série sobre a obra do artista), justificava-se algum empenho didáctico, já que, afinal de contas, este disco pode servir de porta de entrada para um dos valores mais seguros da música portuguesa contemporânea.

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