Há no miolo deste disco três exercícios conceptualmente bem
interessantes, aquilo a que os Oquestrada chamaram de Triologia de uma
Santíssima Trindade. Um poema de Amália ("Os Teus Olhos São Andorinhas"),
que recebe uma nova música; o "Comboio Descendente", de Pessoa, também
com nova música, obviamente a não conseguir fazer esquecer a composição de José
Afonso; e um inédito de António Variações ("Parei na Madrugada")
vestido de fado-marcha. Três exercícios arriscados, com um resultado mediano -
nenhum dos temas deixa marca indelével. E esse é, talvez, o problema maior
deste CD e dos Oquestrada: o conceito é interessante, uma fusão que se quer
cosmopolita entre o fado, as cantigas à desgarrada e uma modernidade
teoricamente europeia, mas o resultado é repetitivo e não especialmente
apelativo. Claro que ao vivo tudo isto resulta muito bem - os permanentes
contrapontos de vozes e instrumentos, a euforia quase descontrolada -, mas em
estúdio soa um tanto monótono.
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