Bob Dylan - Fallen Angels ****

Há o carteiro que toca sempre duas vezes. E há Dylan, que toca sempre duas ou três vezes. Ao longo de cinco décadas de carreira, não há disco de Dylan que sofra de solidão. No início, no auge da década de 60, na fase católica, no renascimento dos anos 2000, o que Dylan queria dizer ou demonstrar prolongou-se sempre por dois ou três discos. Volta a ser assim, com esta fase dos grandes standards da música americana centrados em Sinatra. Por isso, em 2016, temos o segundo capítulo da saga iniciada com "Shadows in the Night" (2015). A grande diferença está no tom: à melancolia e ao coração partido de "Shadows", sucede a exuberância dos amores e paixões. A voz de Dylan adapta-se quanto baste, embora a  sua debilidade característica funcione melhor no tom menor do primeiro disco. A grande melhoria está nas orquestrações, brilhantes em alguns casos ("Maybe You'll Be There", ou "Melancholy Mood"), mas sempre muito interessantes. A dúvida: haverá terceiro disco, ou irá Dylan reinventar-se novamente?

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