São tempos duros, estes que vivemos. Tempos sombrios, angulosos, frios. A música dos Depeche Mode sempre andou por territórios de uma certa aspereza, moldados pela omnipresente eletrónica. A espiritualidade dos seus temas funcionava, assim, como saída de emergência. Agora, com “Spirit”, curiosamente, é a materialidade que se impõe. A matéria das notícias, de Trump ao Brexit, da erosão da política à ilusão da economia. A resposta dos Depeche Mode desenvolve-se em três frentes: o puro niilismo sobre a condição humana (“Going Backwards” ou “The Worst Crime”); o pegar em armas contra toda esta situação (“Where’s The Revolution”); e, sim, a tal resposta espiritual de sempre, por exemplo sob a forma prosaica do amor (“So Much Love”), ou da carnalidade de “You Move”. Cinicamente, poderemos sempre concluir que toda esta crise lhes faz muito bem. Este é o melhor registo da banda em muitos anos.
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