Cinco motivos pelos quais vale muito a pena ouvir os cinco discos com que Stephin Merritt celebra o seu 50.º aniversário através de 50 canções em que toca 50 instrumentos.
O autor. Stephin Merritt é a modos que um génio. Herdeiro dos grandes compositores americanos do século XX, pela via de Burt Bacharach, num universo a que não são alheios Phil Spector e Brian Wilson. Em 1999, publicou um triplo CD, com o título muito apropriado e literal de “69 Love Songs”, um objecto absolutamente intemporal, tal é a sua perfeição. Stephin não é a alma dos Magnetic Fields. Stephin é os Magnetic Fields.
O conceito. Este é um disco de não-ficção, de certa maneira, no sentido em que todas as autobiografias são construções meticulosas. As palavras são do próprio autor, numa longa e interessante entrevista que integra esta edição. A cada ano da sua vida, Merritt faz corresponder uma canção. 50 no total.
As canções. As canções não se limitam à biografia. Têm a mãe, é certo, e o gato Dionysius e os muitos amores falhados. Mas são também sobre o sujeito no seu contexto. A epidemia inicial de SIDA que ceifa as amizades em redor, os jogos de computador, Londres e Nova Iorque. As canções de Merritt são quase sempre pequenos contos, narrados com um simplicidade e naturalidade desarmantes.
A interpretação. A imaginação à solta, como raramente se encontra na música. As canções de Merritt lembram muitas vezes caixinhas de música, pela simplicidade com que se apresentam. Mas são caixinhas sempre diferentes e a simplicidade é apenas aparente. Pouca gente casa de forma tão perfeita os instrumentos acústicos com a eletrónica, talvez pela sobriedade com que esta última é abordada.
O amor. Não terá sido por acaso que fez um disco com 69 canções sobre o tema. Agora, destas 50, poderia juntar-lhes mais umas trinta, talvez. Da acidez da desilusão à esperança de um Cupido que acaba sempre por aparecer, nem que seja na exacta última canção.
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