“A minha voz é uma fractura (...) que te levanta e te senta / exactamente na linha d'água da tristeza.” Que ninguém venha ao engano, é assim que Neko Case canta logo na primeira canção, a que dá título ao CD. E, no entanto, este é, de longe, o seu mais luminoso disco, muito por culpa das orquestrações. Cada canção tratada como uma unidade, instrumentos e vozes pensados ao pormenor, encenados como se nada mais houvesse a seguir. E depois tudo recomeça. Sempre com a tal voz no centro, seja a da própria, seja em coro de “power ballad” com Eric Bachmann (“Sleep All Summer”, a única canção não original do disco, no caso um êxito dos Crocked Fingers), seja um fabuloso dueto a que Mark Lannegan apenas empresta a base (“Curse of the I-5 Corridor”), ou ainda no clímax/anticlímax de “Winnie”, com Beth Ditto (Gossip). Ao oitavo disco, Neko Case deixa ainda mais para trás o universo country, um berço que nunca lhe serviu.
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