Faye Webster - Atlanta Millionaires Club ****

Costumava fazer a cama, mas agora não vejo qualquer interesse nisso (“Pigeon”). Aos 21 anos, Faye Webster assina o terceiro disco, expõe uma solidão talvez inesperada para a idade e confirma uma desenvoltura musical pouco habitual, seja qual for a etapa da vida. O contexto rhythm and blues (R&B) em que tudo se passa ajuda a explicar a amplitude de espectro estilístico, mas não deixa de ser espantosa a facilidade com que aqui se viaja de uma valsa pop de raiz country (“What Used To Be Mine”) a “Come To Atlanta”, com os seus metais funk e neo-soul. Isto, claro, não esquecendo o hip-hop sereno de “Flowers”, em dueto com Father. Poderia ser apenas algo de enciclopédico, uma demonstração de virtuosismo, não se desse o facto de tudo estar estruturado de forma coerente, ligado por uma voz nada extraordinária, mas que tem o condão de nos prender às histórias que desenrola. “Kingston” é, sob qualquer ponto de vista, uma canção memorável.

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