The National, 12 dezembro, Campo Pequeno


Bem-vindos, trintões – ora, ora, onde isso já vai –, bem-vindos, quarentões e mesmo cinquentões à subida ao palco da vossa desilusão. Nunca uma banda terá representado tão bem os dramas domésticos de rotina e tédio (“Apartment Story”, “Conversation 16”), o erotismo sofisticado (“Slow Show”), o amor louco, furioso e destruidor (“Terrible Love”), de uma geração de jovens adultos, urbanos e depressivos, como nos filmes. Uma banda que levou tão longe o conceito, que trouxe para os discos a família e a vida doméstica e com elas a rotina e o tédio de “I’m Easy to Find” (2019), um disco que, repetindo a temática e o ambiente musical tenso, se ouve sem sobressalto de uma ponta à outra. Dessas 16 canções, uma mão cheia razoável vai estar agora em palco, não lhe faltando as vozes femininas em contraponto com a voz cava de Matt Berninger. “Not in Kansas” e inevitavelmente “Light Years” são as duas baladas obrigatórias desta colheita, para cantar, como de costume, em coro, e dançar ou ondular simplesmente, conforme a condição física ou amorosa. Mas as canções mais recentes funcionam apenas como pontes para uma revisitar da carreira de quase duas décadas da banda de Ohio, que teve entre 2007 (“Boxer”) e 2010 (“High Violet”) o seu indiscutível pico criativo. “Fake Empire” é a canção-símbolo dessa época e o hino por excelência destes concertos.

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