Elvis Costello - Hey Clockface ****

Imagine-se uma audição. Então, e que sabe fazer? Elvis Costello sabe fazer tudo, e faz tudo muito bem feito. Das baladas à música eletrónica, do jazz à new wave, sim ainda à new wave... Não é de agora. Logo após aquela mão cheia de discos de arrebenta, na viragem dos anos 1970 para os 80, foi-se afirmando como um dos mais polifacetados e inventivos da sua geração. De certa forma, um músico do mundo, ancorado na mais cosmopolita pop. Este disco foi gravado em Helsínquia (temas mais rock ou eletrónicos, como “Flag” ou o quase experimental “Hetty O’Hara Confidential”), em sessões nas quais Costello tocou todos os instrumentos, e em Paris, com um naipe de músicos de jazz. Pelo meio, ainda há colaborações à distância (Nova Iorque), por exemplo, do guitarrista Bill Frisell. Os temas mais jazzísticos são simplesmente soberbos, em especial “I Do (Zula’s Song)”, há baladas de grande estilo “The Whirlwind”, ou “The Last Confession of Vivian Whip”. E ainda há espaço para a pura improvisação, na abertura (“Revolution #49”) e para a poesia, em “Radio is Everything”. Um disco complexo, que convida a ouvir repetidamente ao encontro de sempre novas sonoridades.

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