Billy Bragg - Mr Love and Justice ****

Os tempos não estão para revolucionários, muito menos para revolucionários românticos. Fidel arrumou as botas e Bush, o mau da fita, também já não se sente lá muito bem. Billy Bragg é um revolucionário romântico, ainda não arrumou as botas, mas digamos que calçou as pantufas. Na verdade, desde que a senhora Thatcher saiu de cena que Billy ficou assim como que sem musa inspiradora. Os anos de ouro dela (os oitenta) foram os anos de ouro dele. São desse tempo os hinos que moldaram o estilo, um peculiar cruzamento entre o punk, na voz e na pose, e o folk, na abordagem temática e estética.
E a crise de causas é tal que Bragg não gravava nada de original há seis anos (England, Half English é de 2002), tendo andado por aí em colaborações e aventuras menores. O regresso pretende ser coisa séria. Faz-se acompanhar pelos Blokes, um grupo que criou na viragem do milénio, embora haja por aí uma versão limitada com um CD em que as canções surgem à velho Billy, ou seja, apenas com voz e guitarra.
É claro que passam por aqui o Iraque (“Sing Their Souls Back Home”) e tudo o que se seguiu ao 11 de Setembro, num “O Freedom” de refrão bem esgalhado: “O Freedom, what liberties are taken in thy name”. E há ainda a relativamente falhada tentativa de fazer humor com o antitabagismo (“The Johnny Carcinogenic Show”). Mas onde BB se torna mais audível é nas baladas mais intimistas, como a que abre o disco (“I Keep Faith”), com Robert Wyatt nos coros, ou em “You Make Me Brave”.
Será, pois, um disco que não desilude quem conhece Bragg, até porque não se trata de um mau disco, mas que, muito provavelmente, não terá a força para gerar novos admiradores.

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