Amy Winehouse - Frank (Deluxe Edition) *****

Para o ouvinte médio, este é o segundo disco de Amy Winehouse. Sendo que, na verdade, se trata do primeiro. E, para esses ouvintes, há uma probabilidade razoável de este disco ser uma desilusão. Sendo que, sob vários pontos de vista, este é bem mais interessante que o outro.
Baralhado? Não tem de quê.
O mega sucesso de Back To Black, editado nos finais de 2006, mas cujos ecos ainda hoje perduram, com quase todas as canções tranformadas em sucessos, chamou a atenção global para uma artista, cujo primeiro disco, Frank, tinha sido editado três anos antes e tinha tido um já razoável sucesso, embora restrito a alguns sectores do mercado. O sucesso de Back… fez com que muitas pessoas tenham procurado Frank. E porque ficaram desiludidos? Porque Frank é um disco a que falta a produção claramente virada para explorar o filão revivalista do rythm & blues, ou seja, para atirar os ouvintes para o melhor do que se fez nos anos 50 a 70, não menosprezando, claro, os requintes de modernidade que exala.
Mas Frank, sendo menos trabalhado nessa vertente, é um disco altamente revelador da força artística de Amy Winehouse, quer na composição, quer na interpretação. Aos 19 anos, Amy mostra uma maturidade extraordinária e Frank é quase um disco conceptual sobre a decepção e a rejeição a amorosa, tratadas de uma forma simultaneamente poética e crua, que será, de resto a sua marca de água (I’ll take the wrong man as naturally as I sing).
Musicalmente, andamos em águas mais próximas do jazz, com algum soul, embora a abordagem tradicional seja por vezes surpreendida com toques de hip-hop e outras sonoridades contomporâneas.
A edição Deluxe que agora está à venda acrescenta um segundo disco (demos, remixes, gravações ao vivo), de grande valia, porque, em alguns casos, são ainda mais reveladores da enorme criatividade de Amy.

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