A melancolia como forma de arte. Êxtase para os adeptos das
coisas tântricas, um desespero para o resto dos mortais. Há oito anos e quatro
discos que as manas Unthanks se dedicam à obsessiva tarefa de espalhar a
tristeza pela face da Terra. As canções, muitas delas tradicionais, outras de
autores mais ou menos famosos, e ainda outra originais, são submetidas a um
eficaz processo de desaceleração rítmica, embrulhadas em esparsas orquestrações
e depois passadas pelas vozes encantatórias de Rachel e Becky, quais sereias da
folk britânica, atraindo-nos para abismos imensos.
Neste Last, o
trabalho de orquestração é particularmente meticuloso, por exemplo
transfigurando “Starless” (dos King Crimson) numa canção de beleza sufocante.
Já “No One Knows I’m Gone” (de Tom Waits) resulta relativamente banal. “Close
the Coalhouse Door” entra por caminhos complicados, tornando talvez demasiado próximo o drama dos
mineiros. Não é para todos.