Ah, essa tentação de regressar aos lugares onde fomos
felizes! Doce ilusão. Passam agora 38 anos que Gram Parsons, alquimista do
country-rock, se passou deste para outro mundo, deixando a jovem Emmylou
afogada em desespero por um amor que tão pouco durou. Quatro décadas depois,
esta “Lonely Girl”, como se define numa das canções, regressa a esse ano que a
deu a conhecer ao mundo da música e dedica a Gram uma segunda canção (a
primeira fora “Boulder to Birmingham”, em 1975). “The Road”, que abre o disco, é
mais que uma canção de amor, é uma prova da devoção que perpassa um pouco por
toda a obra de Emmylou Harris, muito especialmente pela fase pós-Wrecking Ball (1995), o disco que marca
a sua ruptura com Nashville, a opção pela country alternativa e também a
assumpção enquanto autora.
Aqui chegados, é necessário fazer uma ou duas advertências.
Emmylou Harris ficará para a história como uma das mais belas vozes da country,
sendo a sua verdadeira especialidade a gravação de versões. Enquanto autora, se
é verdade que esta fase mais recente comporta uma ou outra canção mais bem
conseguida, o balanço global não é famoso.
Acontece que, neste disco, a voz de Emmylou, embora ainda
encantatória, dá sinais de fragilidade, e acontece ainda que, só ou
acompanhada, ela escreve 11 das 13 canções. E acontece ainda que a produção
pouco mais consegue que criar alguns ambientes atmosféricos para embrulhar a
voz.
Sendo um disco agradável, em que tudo parece estar no sítio,
não deixa de ser uma peça um tanto monótona, sem chama. É disso exemplo a
evocação da amiga Kate McGarrigle (“Darlin’ Kate”), que certamente será
autêntica, sentida, mas que é também confrangedoramente banal. O melhorzinho
ainda acaba por ser o tema que dá título ao disco, mas esse é assinado por… Ron
Sexsmith. Lá está, as versões!