Este disco faz sentido (sim, nem todos os Best Of fazem sentido). Este disco permite uma leitura da obra de Seasick Steve sem os aspectos folclóricos que podemos ver no Youtube – guitarras feitas de lata, com duas ou quatro cordas, caixas de ritmo artesanais, que funcionam ao pontapé. Talvez tudo tenha começado por aí, pela piada da coisa: “Olha o velho maluco que está na BBC!”. Mas era evidente, logo ao primeiro disco, há sete anos, tinha Steve 65, que o blues que por ali corre é autêntico. São histórias, com ou sem grande moral, embrulhadas numa sonoridade agreste, suja, do tal delta do Mississipi. Há coisas mais suaves, acústicas até (“Treasures”), mas a matriz é, de facto, elétrica. À média de um disco por ano, imaginem a avalanche de blues serôdio. Que sabe bem revisitar e reavaliar, com duplo sentido.