Por mais voltas que se dê, não há escapatória – tudo em
Kristian Matsson soa a Dylan. Deve acontecer a muitos suecos, presume-se, isto
de perseguirem doentiamente modelos anglo-saxónicos. Daí, talvez, o sucesso
sueco, ou talvez mesmo o resultado menos agradável, todos aqueles livros e
filmes negros. The Tallest Man On Earth,
assim modestamente se apresenta Kristian, não é pera doce de se roer. Tem a voz
nasalada, o dedilhar de guitarra e aquela urgência de Dylan, mas tem igualmente
uma escrita densa e sombria, plena de referências naturalistas, de sentido
frequentemente obscuro. Neste terceiro disco, damos graças quando chegamos a
meio e, na canção-título, o piano substitui a guitarra acústica obsessiva,
mesmo que, mais à frente, talvez a melhor canção do CD (“Little Brother”)
regresse ao modelo guitarra-Dylan/voz-Dylan. Em suma, está ligeiramente mais
redondo que as gravações anteriores, mas mantém o tom caseiro.