Que é como quem diz, oiçam sem preconceito. Os mais novos,
os admiradores de MGMT, Antony, Lykke Li ou St. Vicent, provavelmente nem
sequer se lembram dos Fleetwood Mac (FM), ou, na pior das hipóteses, já lhes
passou pelos ouvidos uma música empastelada, razoavelmente aborrecida. Os
outros, os do tempo dos FM, talvez nunca se imaginassem a ouvir Karen Elson,
Washed Out, Best Coast. E é aí que está a graça de tudo isto, nesse festival de
equívocos que, por uma vez, tem um final feliz. Comecemos pelos FM. Poucos
grupos tiveram tantas e tão diversas encarnações, do blues feito em Inglaterra
à pop mais comercial de Los Angeles. Andaram pelo Olimpo, artístico e
comercial, na segunda metade dos anos 70, e depois cavalgaram essa glória muito
para lá dos limites do razoável e audível. Depois, este disco, homenagem
assumida de um cruzamento de gerações. Dos antigos, há dois momentos muito
altos: “Oh Well”, dos blues iniciais de Peter Green, numa versão arrastada de
Billy Gibbons (ZZ Top), e “Angel”, de que Marianne Faithfull se apropria de
forma soberba. Dos mais novos, o destaque vai para Likke Li e uma seguríssima
reinterpretação de “Silver Springs” que tem o grande mérito de nunca descolar
verdadeiramente do original, para o intimismo de Antony em “Landslide”, ou para
a forma como os Best Coast retiram “Rihannon” aos lençóis de penumbra a que
Stevie Nicks a submetera e a trazem para a luz da pop dançável. O resto não tem
muita história. Talvez assinalar o falhanço da versão de Karen Elson de “Gold
Dust Woman”, ou a irrelevância de “Sisters Of The The Moon” às mãos e vozes de Craig
Wadren e St. Vicent. Porém, ao contrário do que é habitual neste tipo de
tributos bem intencionados, o balanço resulta francamente positivo.