Se a arte é a busca de uma qualquer perfeição, estamos perante um objeto artístico que atinge o seu objetivo. A composição, com as linhas melódicas que já conhecemos, mas agora ainda mais depuradas, a voz que sabe conter-se mesmo quando voa (“Life Is Huge”), ou que se revela dura e angulosa quando o assunto o pede (“Vestido”). Depois, o trabalho instrumental. E é aqui que o círculo da perfeição se fecha. Valeu a pena apostar num leque de músicos de referência e num produtor experimentado. Ouça-se, por exemplo em “Bag of Love”, o casamento da base piano/baixo/bateria com as cordas e os metais... Texturas densas, complexas, mas extremamente agradáveis, que se repetem ao longo do disco. Sim, Nick Cave, Tindersticks, Tori Amos... faz lembrar tudo isso. E há ainda a aposta ganha de cantar em português, como que a marcar a fronteira entre o feminino e o feminista. Um disco justificadamente ambicioso.
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