O DVD começa com um plano de breves segundos de Havana. Para que não restem dúvidas, o segundo plano é uma nova e breve imagem da cidade velha, praticamente em ruínas, mais parecida com as urbes mártires do Iraque ou da Síria do que com qualquer capital de um país em paz. Se alguma mensagem política há por aqui, ela resume-se a esses quatro segundos, à exposição de uma ilha exausta. E talvez seja melhor ficar por aqui. Caso contrário, ainda nos arriscamos a perceber que Mick Jagger se “esquece” de cantar os versos de “who killed the Kennedys” em “Sympathy For The Devil”... e aí são os Stones que ficam mal na fotografia, apanhados a autocensurar-se num momento de suposta libertação. Talvez, afinal, não seja assim tão certo que “finalmente los tiempos estan cambiando”, como o mesmo Jagger proclama a uma certa altura num castelhano engraçado. Porque, usando do cinismo tão em voga nos tempos que correm, se é certo que os Stones lucraram com esta lança na pátria de Fidel, já o mesmo não se pode dizer de Havana ou dos cubanos – aquelas duas horas de concerto não mudaram nada das suas vidas. Como não têm ponto de comparação, nem deverão ter percebido que, apesar da muito visível idade, os Stones estão aí para as curvas. Com energia q.b. para interpretar com toda a garra os maiores sucessos e ainda com imaginação suficiente para reinventar muitos deles. Desse ponto de vista, estritamente musical, estamos perante um poderoso documento. DVD hiper-profissional de duas horas, mais meia de extras, e CD duplo com os mesmos temas, mas alinhamento diferente.
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