Um dos aspectos mais interessantes do último disco de Rita Redshoes é o permanente paradoxo. Nunca, como em “Her”, as canções foram tão luminosas, e, no entanto... no entanto, há uma suave melancolia que se infiltra em cada ruga desses sorrisos.
Outro paradoxo? A simplicidade das melodias que nos apetece cantarolar de imediato esconde, na realidade, um trabalho de composição de uma complexidade de quem já domina os cantos à coisa. E depois há o paradoxo, digamos assim, do canto em português cantado por uma portuguesa de quem só conhecíamos ainda a versão anglo-saxónica.
Victor Van Vugt, produtor, e Knox Chandler, que tratou dos arranjos de cordas do disco lançado em Novembro de 2016, reflectem sobre esses aspectos (aparentemente) contraditórios, nos webisodes criados para o lançamento de “Her” e que podem ser encontrados na Net.
Os músicos, a sua qualidade e experiência, foram uma das apostas ganhas desta quarta gravação de Rita, num trabalho de densidade estética e técnica raramente vistas entre nós.
É, pois, com o peso de toda essa responsabilidade que a compositora e cantora se apresenta agora em concerto nas nossas duas grandes cidades. Trabalho, diga-se, relativamente facilitado pela primeira parte da digressão, realizada, ainda o ano passado, em pequenas cidades portuguesas.
O palco vai ser dominado por um quarteto de cordas, a que se juntam a secção rítmica (baixo/bateria) e o piano da própria. O mais certo é que consigam reencarnar o som e espírito do disco.
Uma dúvida: irá Rita mostrar o “Heroes”, de Bowie, que gravou para disco de David Fonseca?
Sem comentários:
Enviar um comentário