Um disco que se ouve como se lêssemos um livro. Porque foi no esboço de um livro que nasceram estas 11 canções. 11 quadros, contados dia a dia, da vida de Inês, uma mulher, talvez de lisboa, talvez dos nossos dias. Dúvida geográfica porque esta música viaja de Lisboa ao Brasil, passando por África, como se percebe logo aos primeiros acordes. Dúvida temporal porque, apesar da contemporaneidade da história, são intemporais os temas que aborda, mas também ainda porque a sonoridade dos acordes acústicos, especialmente do violão, remete muitas vezes para a música dos travadores, medievos ou renascentistas. Pierre Aderne, músico e compositor residente em Lisboa há uns anos, explica que começou por escrever a história, pensando num livro, mas a certa altura percebeu que era história que pedia música. Da qual se encarregou Leo Minax, num processo criativo que também atravessou geografias. O violão domina, mas lindo é quando entra, por exemplo, o acordeão (“Cabelos de Lua Preta”) ou a guitarra portuguesa (“Tu Não Sabes o Que É o Amor”).
Manuel Morgado
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