Se a música tivesse tradução visual, a de Mazgani neste disco seria algo como pequenas luzes, traços, outras e maiores luzes, cores tracejadas, interrogações no escuro. No azul escuro da noite, tal como na capa de Michelle Henning, designer de eleição PJ Harvey, que assim se cruza mais uma vez com a voz deste iraniano de Lisboa. Este é um regresso às canções em nome próprio, depois da bem-sucedida aventura das versões de “Lifeboat” (2015). Um regresso ao blues seminal, sem grandes artifícios, só ritmos e guitarras vincadas, ora lancinantes ora de embalar. Uma tensão sonora com tempo para se espraiar. Dez temas em busca da alma (“The Traveler”), com mais perguntas que respostas (“Saint of All Names”), talvez com um pouco mais de espiritualidade do que antes (“Breath of Gold”). E depois, a fechar, “The Faintest Light”, delicadíssima balada, cordas em crescendo, abrindo caminhos de luz na noite escura e azul.
2 comentários:
Um iraniano de Setúbal, sff
Epá, isso aumenta-lhe a responsabilidade...
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