Lizz Wright é uma daquelas vozes capazes de transformar a mais banal das canções numa oração, um exercício com tanto de religioso como de carnal. Não é o caso, no que respeita às canções, entenda-se. Joe Henry, o produtor, um homem de tradições, terá sugerido 70 canções, das quais Lizz escolheu nove, juntando-lhes mais uma, que assina em co-autoria. São temas que atravessam um século de música americana, do gospel aos blues, ao country e ao R&B. Dylan, Ray Charles, k. d. lang, Rose Cousins são alguns dos autores que por aqui passam. Lizz e Joe apropriam-se de cada canção e encenam pequenos momentos de magia. “Grace”, por exemplo, começa da forma mais subtil possível, com a voz no centro do palco, para mais tarde receber um coro que entra de mansinho e evolui para um sonante, embora contido, gospel. Ao sexto disco, Lizz Wright continua sem um minuto, um segundo, de deslize. De uma elegância intransigente.
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