Há um paradoxo incontornável em Lana del Rey. A sofisticação com que se apresentou, já lá vão quase seis anos, soava terrivelmente a falso, e isso afastou aqueles a quem as canções se dirigiam. Lana tornou-se um sucesso, sim, mas com o público errado. As comparações iniciais com Nico (!) e os desastres que foram as primeiras apresentações ao vivo fizeram o resto. Mas Lana é uma excepcional cantora da América, da sua iconografia, mitos e fantasmas. E uma mais que razoável autora de histórias, como este quarto disco, finalmente, demonstra. As orquestrações, até mais densas que o habitual, podem distrair-nos à primeira audição, mas procuremos essa tal Lana superior nos temas mais despidos, como “Cherry”, ou especialmente “Change”, e deixemo-nos convencer de que o paradoxo, ou talvez o preconceito, está mais em nós que nela.
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