Não viria mal ao mundo se este disco fosse promovido à boleia do sucesso de Salvador Sobral. Os fins justificam os meios e é de aproveitar, agora que os portugueses parecem estar disponíveis para ouvir canções, digamos, menos comerciais. A música de Nadia Schilling inscreve-se numa corrente – Márcia, Minta & The Brook Trout... –, em que melodia e melancolia andam a par, em que o intimismo das letras contracena com uma instrumentação muito cuidada e atenta aos pormenores. Ouça-se a subtileza do piano de Filipe Melo em “Gloom Song”, ou as guitarras, por exemplo, em “Bad as Me” ou “Misfire”. Mas ouçam-se especialmente as cordas em quase todo o disco (“Kite” é uma boa amostra), que paradoxalmente funcionam como elemento iluminador num disco que nasce de uma dor, a morte da mãe. Começo muito auspicioso em grande formato – e aqui vai bem um pouco de trivia – para esta arquitecta paisagista nascida há três década e meia nas Caldas da Rainha.
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