Um dos maiores contributos da country à música pop é aquele jeito de contar histórias com sentimento e uma moral. Os blues, mais sofridos, são também mais secos. Nada como a country para puxar a lágrima, frequentemente para lá do razoável, já na zona da lamechice. Isto, claro, quando não se tem bom gosto e bom senso. Brandi Carlile vem da country, tem muito senso e ainda mais bom gosto, é bem vinda na indie e sente-se muito à vontade na pop, como este sexto disco mostra de forma muito clara. As histórias que conta, sim é um disco de histórias, são densas, amargas, como a vida muitas vezes é. “Party of One” diz quase tudo no título e encerra o disco da melhor maneira, com cordas a grande altura e Brandi a levar ao limite o seu estilo interpretativo, a la Joni Mitchell, cheio de inflexões, projecções e falsettos. “The Mother”, num registo acústico e íntimo, e a perturbante “Sugartooth” são outros grandes momentos de um disco para o qual a etiqueta country é demasiado redutora.
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