O primeiro minuto e meio do disco parece um regresso dos saudosos Housemartins, dos anos 80, só que, quando esperamos que o a capella progrida, salta lá de trás uma caixa de ritmo endiabrada e mudamos radicalmente de território.
Percebemos que são os Franz Ferdinand porque os Franz Ferdinand soam a léguas a Franz Ferdinand mesmo quando não são exactamente os Franz Ferdinand de que guardamos boa memória. Porque, sejamos honestos, os FF nunca voltaram a ser aquela banda surpreendente, única, indispensável dos dois primeiros discos (2004 e 5).
Este quinto assalto, volvidos que são cinco anos de silêncio, umas mudanças na banda (troca de guitarrista, mais um guitarrista e teclista novo) e uma colaboração com os Sparks (“FFS”, de 2015), deixa-nos em território de alguma perplexidade.
Neste disco, como nos dois que se seguiram aos primeiros dois, a banda anda em círculos à volta dos conceitos que criou, deixa-se absorver amiúde pelas sonoridades da brit pop contemporânea (“The Academy Award”) ou retro (“Slow Don’t Kill Me Slow”), sem nunca realmente nos dizer nada de novo. A novidade, relativa diga-se, é a assolapada paixão pelo cruzamento da eletrónica com a pista de dança (“Feel the Love Go”, disco, disco, ou “Lois Lane”, mais na vertente funk, mas sempre com as teclas em evidência). Da verve original há um “Lazy Boy”, mais centrado nas guitarras que na electrónica, que sabe bem ouvir “em memória”, digamos.
Um disco que, por vontade própria, se deixa dançar muito bem, uma banda não necessariamente perdida, mas pouco afirmativa.
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