“Até o Fim”. Piano, depois as cordas, a seguir os sopros. Toda uma orquestra, toda ela muito subtil. A voz também. Tudo neste disco é pensado e concretizado com enorme subtileza, uma forma extrema de elegância. A canção é de Arnaldo Antunes, mas a sonoridade que salta ao ouvido é a dos discos mais sofisticados de Caetano. Essa ambiência brasileira, embora nada tropical, é talvez a marca mais distintiva deste disco. Claro que, amiúde, ainda apetece cantar em coro e até dançar, não temam os fãs. Há “Não Interessa Nada”, de Márcia, o “Catavento da Sé”, de Miguel Araújo, esta ideal para bailaricos românticos, e mesmo o beatleano “Sem Palavras”. O que já não há, neste 8.º disco, é traços de fado, apenas de cante, especialmente na belíssima “Retrato de Bolso”, de Aldina Duarte, que acaba praticamente em oração. Sem perder o pé do que lhe trouxe tanto sucesso, Zambujo parece querer abrir aqui um capítulo de simplicidade feita de densidade e detalhe. Paradoxos que funcionam.
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