Há três ou quatro momentos memoráveis neste disco. O dueto com Lucinda Williams, em que uma das vozes mais espantosas da country ensopa de sensualidade o tema mais coheniano do disco. O dueto com Ana Moura, que demonstra onde pode chegar a música de Abrunhosa numa grande voz. O dueto com Elisa Rodrigues, que chama mais uma vez a atenção para uma das vozes mais espantosas que por aqui apareceu nos últimos tempos. O dueto com Lila Downs, porque a world music é obrigatória num disco que fala de refugiados e muros, e também de violência doméstica (“Dizes que Gostas de Mim”). Sim, este disco vale especialmente pelos duetos (há mais dois, com Carla Bruni e Ney Matogrosso, mas ambos menos interessantes), nos quais até a voz frágil e menos maleável do autor consegue equilíbrio suficiente. O resto é Abrunhosa a ser Abrunhosa, baladas-hino, cheias de perdão e salvação. “É o Diabo” faz de testemunha solitária de um passado funk.
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