Este é um disco de confirmação, por muito pouco canónico que um terceiro disco o possa ser. Com estúdio próprio, em Marvila, a banda, agora estabilizada a quatro, teve toda a liberdade para finalmente abraçar a produção desta terceira aventura e, dessa forma, fixar a sonoridade que procurara na gravação homónima (2012) e em Passeio das Virtudes (2016). Um som com raízes psicadélicas – o fascínio pelo sintetizadores e toda a sorte de guitarras com e sem efeitos – mas que não abdica dos sonhos pop, entre coros contemplativos e uma alegria eternamente juvenil. “Rio Seco” é um dos temas que melhor representa essa aposta de fazer música de múltiplas camadas, que ora nos transporta para territórios oníricos, ora nos puxa os pés para danças bem terrenas. Talvez que o principal pecadilho seja o excesso de autobiografia, uma banda centrada na ideia de fazer música. Convém não esquecer que há música lá fora.
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