Cristina Branco - Mãe ****

É possível ouvir este disco como se de um bailado se tratasse, com o piano de Luís Figueiredo (“Noite Apressada”), a guitarra de Bernardo Couto (“Rio de Nuvens”), ou o elegantíssimo contrabaixo de Bernardo Moreira, a assumirem à vez a frente do palco. Mas essa narrativa passaria, claro, ao lado do principal. Toda essa rendilhada e dedicada encenação coloca no centro a voz, segura, serena, de Cristina Branco. Tudo se passa num universo ambivalente, em que o recurso permanente ao fado tradicional se cruza com abordagens disruptivas, especialmente nos arranjos, seja pelo deambular inesperado do piano, seja pelos acordes de guitarra colocados em locais pouco ortodoxos. O resultado é sempre surpreendente. E belo, há que dizê-lo. Resta registar o óbvio, o contributo fundamental de velhos em novos poetas, sejam eles Natália, Mourão-Ferreira, Lídia Jorge, Manuela de Freitas, Aldina Duarte ou Teresinha Landeiro.

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