André Henriques - Leveza ****

 

Leveza, mais que título, é conceito, atitude. Depois do “Cajarana” (2020), gravado na grande cidade, com toda a sua eletricidade e agitação, André Henriques (dos Linda Martini) traz-nos agora este segundo disco, a sua versão campestre, reflexo da sua nova vida algures na Ericeira. É um disco que remete frequentemente para o universo da bossa nova e a sua forma desacelerada de cantar o mundo. E há também muito experimentalismo, oriundo do jazz e da música eletrónica. A eletrónica é, de resto, omnipresente, ora entre a discrição de um tapete sonoro, ora irrompendo (d)a calmaria de alguns temas. O resto é praticamente acústico, percussões, metais, vozes e guitarra. Há uma trilogia de lançamento (“As janelas são de abrir”, “Os fantasmas de amanhã”, “Espanto”), para a qual Paulo Segadães realizou vídeos que lhe fixam a atmosfera, mas o disco vale pelo exercício de descoberta, no qual as inusitadas letras assumem papel de relevo.

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