Algumas almas sensíveis já nem podem com o nome de Norah
Jones. Pois em verdade vos digo que, não fosse a moça, e este
mega-acontecimento teria ido pelo cano abaixo. Porque, na realidade, é a voz de
Norah que, pontuando a maioria dos temas, acaba por lhes conferir um mínimo de
homogeneidade. E isto por um motivo muito simples: temos de um lado um oleado
quinteto de jazz, ao qual se junta a guitarra e o acompanhante de harmonia de
Willie, e temos do outro lado uma voz que nunca foi grande coisa, mas que está
pura e simplesmente estafada. Acontece que o repertório de Ray Charles exige
uma voz potente e isso é coisa que por aqui não há. O conjunto fica de tal
forma desequilibrado que até os solos orquestrados por Wynton chegam a maçar.
Norah Jones, não tendo um vozeirão, confere aos momentos em que intervém aquela
doçura que lhe conhecemos… e as canções acabam por fazer sentido. Ouça-se, por
exemplo, “Cryin’ Time”, e, no pólo oposto, “I Love You So Much”.