A tese explica-se facilmente. Antony está convencido de que foi o domínio masculino que nos conduziu à estagnação e à desordem da sociedade actual. E que só um sistema de governo feminino poderá repor o equilíbrio. A tese é desenvolvida num longo monólogo de sete minutos (“Future Feminism”), a segunda faixa do seu novo disco, Cut The World, a editar em Agosto. Trata-se de uma gravação ao vivo, que revisita alguns temas dos quatro discos de Antony and The Johnsons, mas com acompanhamento de orquestra. É precisamente esse conceito que Antony Hegarty vai trazer a Cascais – aqui acompanhado pela Sinfonietta de Lisboa –, naquele que promete ser um dos concertos do ano, não apenas pelas capacidades vocais e dramáticas de Antony, por algumas das mais belas canções escritas nas últimas décadas, mas também pela supresa que são sempre os seus espectáculos. Antes de encerrar com a chave de ouro de Mariza – regressada em grande forma e a caminho de actuar nos Jogos Olímpicos – o Cascais Music Festival ainda cumpre o cerimonial obrigatório de nos apresentar os Pink Martini, aquela confusão de jazz, sons latinos e outras coisas superficialmente agradáveis, sem as quais o Verão teria menos charme.