Passa-se tudo pelo liquidificador e já está. É assim o tão aguardado regresso de Neil Young com os Crazy Horse, após uma década de silêncio. Não é, portanto, um disco, mas antes uma lição de culinária cujos resultados deixam muito desejar, mais por incompetência do chef que por desatenção dos aprendizes. Os Crazy Horse, todos o sabemos, têm um som muito característico, basicamente guitarras amontoadas e distorcidas. Isto tem funcionado razoavelmente porque – e esse talvez seja o segredo! – a banda impõe-se a si própria longos silêncios, em que Neil Young (e nós…) aproveita para respirar. E a ideia deste CD até parece boa – aplicar essa sonoridade agreste a uma dúzia de tradicionais americanos. Mas, ouvidas as duas investidas iniciais (“Oh Susannah” e “Clementine”), percebemos o filme: há por aqui uma dose considerável de preguiça. Sensação que, apesar de ou outro pico, se mantém até à última versão. Vai, pois, para a coluna das curiosidades e bizarrias.