Há na auto-citação de “I Can’t Stop Thinking About You”, que abre o disco, uma ironia quase fatal. Percebe-se a ideia: fazer um disco pop, ao fim de década e meia de aventuras extra-conjugais, retomando a história no ponto em que ela tinha graça, ou seja, nos gloriosos tempos dos Police. O exercício repete-se, de forma muito evidente, por exemplo em “Petrol Head”, e de forma quase involuntária no resto do disco. O regresso à pop faz-se ainda, paradoxalmente, através da aproximação ao jazz que marcou boa parte da sua carreira a solo (“You Can’t Love Me"). Estão aqui todas marcas caraterísticas de Sting, desde as baladas sussurradas (“Inshallah”), àquele ritmo um tanto empastelado (“50.000” – uma canção sobre a morte, com o pensamento em Prince e Bowie). E, como não poderia deixar de ser com Sting, há uma versão deluxe, com versões alternativas de algumas canções, vídeo e materiais gráficos. Coisa também ela irónica: não foi ainda desta que Sting regressou à pop. À simplicidade da pop.
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