É impossível não ouvir Springsteen quando surge aquele solo de saxofone sobre fundo de estalidos de dedos e guitarra acústica dedilhada em “Tightrope”. E, então, se já antes se ouviram umas teclas de fundo (“Shiver and Shake”) e uma batida (“Haunted House”), marcas registadas do Boss, então, a coisa fica complicada. Não que Ryan Adams alguma vez tenha renegado as suas influências, mas neste 15.º disco elas ficam talvez demasiado à vista. Um dos músicos mais irrequietos da sua geração (o disco anterior era uma versão do “1989”, de Taylor Swift), consegui, apesar dessa busca intensa, timbrar um som reconhecível a distância considerável. Qualquer coisa entre uma country sofisticada (aqui “To Be Without You”) e a sonoridade das grandes bandas dos anos 80. Essa batida acaba por iluminar um disco de ruptura amorosa, mais uma vez inspirado na vida real. Ambas, música e dor de alma, não primam pela surpresa, ou mesmo originalidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário