Como um vendedor de caixões. Como se faz? Elogia-se o conforto dos tecidos interiores? A robustez das madeiras? Talvez a climatização... O mesmo com Mark Lanegan. As capas, os títulos, as letras, tudo tresanda a morte, negrume, morbidez. É certo que com alguns toques de humor, negro evidentemente. Apesar de todo esse odor a morte, a música de Lanegan é muito audível e, daí, recomendável. Acontece até que este 10.º a solo, 4.º em nome de ML Band, é muito bem conseguido. A eletrónica omnipresente há uns tempos, assim continua (“Drunk on Destruction”), mas as guitarras também estão por todo o lado, quebrando o rame-rame das teclas e dando alma às canções (“Emperpor”, ou “Behive”, quase-homenagem aos U2, num disco “herdeiro” dos New Order e, mais longinquamente, dos VU. As baladas aliviam um pouco a carga e há mesmo uma (“Goodbye to Beauty”) que, no seu acabamento acústico e apesar do título, nos faz acreditar que há luz.
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