Como alguém que procura infinitas planícies para gritar as suas dores. Ou penhascos para chorar íntimas traições. E juras desesperadas. É assim o mais recente registo de Algel Olsen. As canções continuam perdidas, entre a constatação de amores irremediáveis e a recusa em baixar as armas, procurar sempre, falhar, como dizem os poetas, falhar ainda mais e melhor. Mas agora essas confissões são-nos servidas em turbilhões sonoros, de guitarras, sim, essas que conhecemos desde o primeiro disco, vai para seis anos. Também os sintetizadores, que aqui chegaram em 2017 (“My Woman”). Mas especialmente através das cordas, muitas, planantes algumas, tensas e densas, na maioria dos casos. A orquestra é a grande arma de Angel nesta quinta investida, tornando expansiva a já nossa conhecida intimidade. “Lark”, logo a abrir, marca o tom, com as cordas a gerarem uma enorme barreira sonora, que rebenta num continuum a caminho de um fade out de guitarras distorcidas. Dramatismo sonoro a rodos, com intervalos de doce distensão. E cinema, como em “New Love Cassette”, uma peça assumidamente gainsbourguiana (“Melody Nelson”). E depois aquela “Chance”, a fechar, com o glamour decadente dos anos 50. As cordas rodopiam e dançam.
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