Aí vamos novamente, carrocel de emoções, a vida transformada em arte sonora, nós no papel de voyeurs de sentimentos, dores e ressurreições alheias. Foram duros os anos de Patrick Watson desde “Love Songs For Robots” (2015): a morte da mãe, uma separação dolorosa. Tudo isso está neste disco, há versos e linhas melódicas de melancolia um pouco por todo o lado. Mas este é também um disco de exorcizar fantasmas, de reerguer a cabeça e continuar. A generalidade das canções tem, é certo, a tal tristeza, muito devedora do timbre melancólico da voz, mas são quase sempre um crescendo sonoro e luminoso, assentes em orquestrações de uma rara leveza, tendo em conta a diversidade instrumental presente. Há momentos desconcertantes (“Wild Flower”), de intensa beleza (“Look At You”) e mesmo de uma inusitada vivacidade, com recurso ao tango e tudo (“Melody Noir”). Sim, que terapia é a música.
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