Tame Impala - The Slow Rush ****

Com alguma boa vontade, poderemos encontrar na batida e na circularidade do canto da segunda parte de “One More Hour” laivos de um fantasma chamado Brian Wilson. E, no entanto, apesar de todas as enormes distâncias estilistas e geracionais, é quase inevitável falar da alma dos Beach Boys quando se fala de Tame Impala, ou mais precisamente de Kevin Parker, o australiano por detrás disto tudo. E tudo é mesmo tudo: composição, interpretação (incluindo todos os instrumentos), mistura e produção. Sim, Kevin é uma espécie de Brian, alguém que tem na cabeça uma imagem (!) exacta da música que quer e que, em estúdio, se dedica a infindáveis e minuciosas manipulações sonora. A construção de enormes massas sonoras, mas que todos os detalhes estão à mostra. Com Brian, Kevin partilha ainda o fino gosto pela composição. E, pronto, param aqui as comparações. Os Tame Impala são mais herdeiros do funk, o dos anos 70 e o dos 90, e de um psicadelismo tardio, ou intemporal, se quisermos, mas nunca o de 60. Não será, porém, isso que torna os Tame Impala um dos maiores sucessos dos últimos anos, mas antes a tessitura pop em que estas canções assentam, seja, por exemplo, em “Posthumous Forgiveness”, ou obviamente em “Borderline”.

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