Este disco levou mais de década e meia a nascer. E isso pode ser um problema. Em 2003, músicos dos Belle Chase Hotel e do Quinteto de Coimbra reuniram-se, nos Mondego Chase, para homenagear Carlos Paredes. Desse tempo, ficou o registo da versão de “Verdes Anos”, que integrou a colectânea “Movimento Perpétuo”, também desse ano. Volvido este tempo, esses músicos rodearam-se de outros, para, finalmente, passarem a disco essa experiência e, de alguma forma, expandi-la. Onde antes havia versões instrumentais e um apego à guitarra portuguesa, há agora canções com letra e bastante densidade instrumental, que ocupam metade do disco. Só que, entretanto, existiram os Dead Combo, que exploraram muito este tipo de sonoridades, e principalmente o projecto Amália Hoje (2009), ambos a limitarem bastante o efeito novidade que este disco poderia ter. Se os temas instrumentais nos deixam agarrados aos caminhos inesperados que abrem, já as canções sofrem do mesmo problema da homenagem a Amália, ou seja, um excesso de intensidade, de uma instrumentação gongórica, que mata toda a subtileza.
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