Trinta e três anos após a morte de José Afonso, a sua obra atravessa um longo período de clandestinidade. Devido aos conhecidos problemas relacionados com os direitos das suas canções, há muito que os seus discos não estão à venda, estando também praticamente ausente das plataformas digitais. Tem valido, ao longo destas décadas, a admiração das gerações sucessoras, que em vários formatos e estilos têm vindo a revisitar algumas das mais fascinantes canções portuguesas do século XX. Pedro Jóia tinha 16 anos quando José Afonso morreu, mas também é verdade que por essa altura já manejava a guitarra com grande à-vontade. O disco é consistente com as homenagens que Pedro Jóia tem vindo a fazer a outros grandes nomes da música portuguesa, tal como Carlos Paredes ou o fadista Armandinho, aos quais também dedicou obras completas. Acompanhado apenas pelo percussionista José Salgueiro, devolve-nos alguns dos temas mais conhecidos de Zeca, sempre com um enorme respeito pelos originais. Mesmo quando introduz o flamenco em “Cantigas do Maio”, porque os traços afro-latinos que ouvimos noutros casos, esses, já lá estavam.
Sem comentários:
Enviar um comentário