Comecemos pela maior fragilidade: João Coração não tem a voz límpida, o fraseado certeiro, que estas canções luminosas e vibrantes exigiam. O facto de essa vez surgir imersa, de forma deliberada ou acidental, num som de estúdio um tanto empastelado não ajuda muito. Não faz sentido que, por vezes, tenhamos dificuldade em entender o que está a ser cantado... Isso nota-se mais nas canções de orquestração mais densa – “Amor e Verão”, ou “Miúda” –, já que nos temas mais despidos o quase sussurro até funciona, como em “Dlim Dlom” ou em “Buganvília”. O melhor do disco são, mesmo, as canções, pequenas encenações de histórias de amor e do seu contrário, num universo sempre pop. Guitarras e sintetizadores remetem-nos para o universo romântico de feira, como em “Nunca Mais”, que se esvai na magia de uma caixinha de música executada pelas teclas. “Soberana” rompe um silêncio de 15 anos do autor e talvez a falta de rodagem se note um bocado.
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