Martha Wainwright - Sans Fusils, Ni Souliers, à Paris (Piaf Record) ****

Piaf imitada, Piaf reinventada. É assim o novo disco de Martha Wainwright, gravado em três noites quase íntimas num pequeno auditório de Nova Iorque.
Nascida e criada em Montreal, Martha lida perfeitamente com a língua francesa e, ouvindo este disco, percebe-se que Piaf é uma paixão de vida. Chega a imitar-lhe as sílabas nasaladas e só lhe falta um pouco mais de autenticidade na embriaguez da voz para que o vulto da grande dama seja convocado ao palco.
Há Piaf escandalosamente imitada (“La Foule”, ou “C’Est a Hambourg”) e há Piaf reinventada (“Le Chant d’Amour”), não traída, mas simplesmente pressentida, como se Martha imaginasse como poderia ser Piaf.
Os arranjos musicais raramente se afastam das sonoridades identitárias da chanson (piano, acordeão, a valsa dominante), o que, a par da dramaturgia da voz, quase concretiza o milagre da ressuscitação.

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